“Aquele que se entrega sem reservas aos apelos temporais de uma nação, de um partido, ou de uma classe, está dando a César algo que, de maneira mais do que enfática, pertence a Deus: está dando a si mesmo.” C. S. Lewis
Quando li essa frase de C.S. Lewis, escritor Irlandês, nascido em Belfast,ano de1898 e falecido em 1963 na cidade de Oxford, autor e escritor que salientou-se pelo seu trabalho acadêmico sobre literatura medieval e pela apologética cristã desenvolvido através de várias obras e palestras. É igualmente conhecido por ser o autor da famosa série de livros infantis de nome As Crônicas de Nárnia.
Estava lendo parte do LIVRO, O PESO DA GLÓRIA onde o mesmo tenta fazer a apologia de que o Cristão quando chamado para exercer seu dever junto à pátria, no caso alistamento militar para ir à guerra, deveria cumpri-la mesmo que isso o levasse a matar alguém, o que é contrário aos princípios cristãos. Ele salienta em seu comentário que todo dever é um dever religioso, e que nossa obrigação de desempenhar esse dever é absoluta. Então argumenta: “se vivemos em uma praia perigosa, devemos nos preparar para o ofício de salva-vidas, de modo que estejamos prontos caso apareça alguém se afogando. Quem sabe tenhamos até que perder a nossa própria vida para salvá-lo”. E acrescenta “salvar a vida de pessoas do afogamento é um dever pelo qual vale a pena morrer, mas não para o qual valha a pena viver” . Assim tudo indica que os deveres políticos entre os quais ele inclui os deveres militares sejam desse tipo. Só que o Cristão quando a serviço da pátria e em sua defesa matam alguém, seja por legítima defesa, ou para preservar a vida, isso não vem ao caso. Ele não fará por devoção, mas em cumprimento de sua obrigação como cidadão que é tão importante quanto a de um cristão.
A única coisa que diverge e se contrapõe entre um cristão e um cidadão é a maneira e intensidade com que ele faz e realiza as suas atividades. Como cidadão ele as pratica como um dever a ser cumprido, mas como Cristão ele realiza de todo coração, ou seja, ele vive para o que o motiva. A sua razão de viver é Deus.
Sem ‘’querer, querendo”, parafraseando o Chaves, comediante mexicano, posso afirmar que o mesmo raciocínio se aplica ao que diz respeito ao assunto do nosso tema de hoje: Partidarismo ou Filiação Partidária não existe outra saída.
O Cristão não pode se omitir frente aos acontecimentos cotidianos, seja no âmbito político ou não, cercados de informação ou desinformação, e dotados de alguma capacidade de raciocínio e discernimento, é muito difícil não assumirmos uma postura dogmática, a partir de nossa maneira de ver o mundo, e nela ficarmos fechados por nossas próprias limitações ou cegos para tudo o mais. Ao invés de olharmos para fora, vermos o Mundo e procurarmos dar uma resposta àquilo que sabemos que está errado, voltamos os olhos para nós mesmos e nos fechamos para vivemos em volta do nosso sincretismo que colocamos em todas as coisas. Isto ocorre graças à nossa incapacidade de mantermos uma distância das inúmeras situações que testemunhamos, sejam benéficas ou maléficas.
Deus não nos chamou para o isolamento, mas para ser Sal e Luz. O sal só é eficaz quando se mistura para dar o sabor e a luz só ilumina quando penetra para dissipar as trevas.
Da mesma forma deve ser o agir do Cristão em relação a sua ação política ele tem que correr o risco de se misturar e ter a ousadia de penetrar.
Vejo o agir do Cristão seja por meio da apologia, da mídia, e estou falando Jornal, Rádio, TV, Internet, etc. ou da ação evangelizadora como algo de arrepiar cabelo de careca. O Partidarismo em favor de candidato D,M,P ou S estar a solta. O perigo é que não vai levar a lugar algum. “Partidarismo é uma palavra derivada de partido”, que significa: “um grupo de pessoas unidas pelos mesmos interesses, ideais e objetivos”. E em prol desses ideais se calunia,mente, difama, levanta falsos testemunhos. Revestidos de uma neutralidade e santidade que faz inveja a qualquer fariseu.
Faz-se necessário que o Cristão Brasileiro assuma de vez a postura de Filiação Partidária, dê a Cara a Bater, faça a sua inscrição em algum partido, seja o melhor que lhe convier e enfrente uma disputa eleitoral que lhe garanta o direito de defender seus princípios.
Gostaria de lembrar que política (do grego politiké) entre outras coisas significa: ciência do governo das nações; arte de dirigir as relações entre os Estados; princípios que orientam a atitude administrativa de um governo; conjunto de objetivos que servem de base à planificação de uma ou mais atividades; astúcia; maneira hábil de agir; civilidade.
A cidadania, ou o direito de cidadão, implica na participação dos cidadãos no governo da nação, se não fosse assim, como seria possível políticos serem definidos como representantes eleitos pelo povo, se a esse mesmo povo, (a quem não se pede a filiar-se em partidos políticos, movimentos associativos, agremiações,sindicatos, etc.) não se reconhecer o direito de opinar, questionar, criticar ou elogiar esses mesmos políticos partidários ou governantes?
A diferença é que alguns, enquanto cidadãos, nunca fizeram política na lógica de cidadania e quando aderem aos partidos políticos, não conseguem dizer aos respectivos partidos que os seus compromissos para com o país estarão sempre acima dos compromissos com os seus partidos e os seus compromissos para com Deus estão acima de seus compromissos com a nação.
Acredito que a causa política é muito justa, como costuma acontecer com as causas humanitárias que estão a sua volta (aborto, casamento de pessoas do mesmo sexo, tráfico de drogas, crianças, adolescentes e órgãos; pedofilia, violência, concessão dos meios de comunicação, etc.) e isso para não falar do que diz respeito a um desenvolvimento sustentável (lixo, saneamento, desmatamento, energia alternativa, transporte, habitação, desemprego, aquecimento global, etc.) Faz acreditar que seja o nosso dever participar dessa guerra. Como bem falou Lewis vivendo acima do que se esperava num contexto pietista da sua época: Uma pessoa pode ter que morrer pelo seu país, mas ninguém precisa viver pelo seu país em um sentido exclusivo. Ou seja, é melhor morrer lutando do que sentar a beira do caminho e esperar a morte chegar.
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