Há poucos dias procurava na Internet um
questionário sobre pesquisa motivacional, quando me deparei com um comentário
feito no You Tube de um “ex-renomado” pregador, preletor, palestrante, teólogo
e doutor, que prefiro não citar o nome, onde ele criticava a ação da fé nas
igrejas brasileiras no que consiste ao mover de cura.
Segundo
ele, a cura realizada no contexto brasileiro é de um efeito psicossomático
movido por um embuste de curas pré-fabricadas por uma ação motivacional dos
“Homens de Deus” detentores do dom de cura.
Na
ocasião fiquei indignado, não com a crítica, tendo em vista que todos têm na
internet o direito de falar e postar o que bem quiser; mas com a dimensão
que tal comentário poderá tomar no que consiste a expressão de fé por pessoas
que crêem pela simplicidade da fé por si só,quer movida por motivação gerada
por pregadores, quer por um efeito psicossomático, quer por crer na palavra
Hema de Deus ou pura superstição.
Quando e
como posso fazer uma linha divisória entre fé x motivação x psiquismo?
Pelo que
sei o mesmo pregador em vários congressos que participei pregava uma visão
holística do ser humano. Pensamento filosófico que vê o homem como um todo,
integralizado e não dividido ou fracionado.
Em Heb.
4:12 Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada
alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das
juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do
coração. Probabilidade aqui de divisão entre alma e espírito não se faz
necessária na interpretação do texto. O Apóstolo fala algo que somente a
palavra de Deus possui o poder de divisão do que é imperceptível, mas que
necessariamente não precisamos disso para nela crer. Portanto sentir a sua
eficácia sem separar o espiritual do intelectual é fundamental.
Assim
sendo, na minha loucura psico teológica gostaria de fracionar o motivacional do espiritual para depois dizer o óbvio que os
dois não podem ser vistos separados.
A) Espiritual
Definição de fé: Ora, a fé é a certeza de
coisas que se esperam a convicção de fatos que se não vêem. Heb.11:1. A fé não
está ligada a um processo, mas a promessa da Palavra de Deus. A certeza vem
pelo ouvir e o ouvir da Palavra Rm10:17.
Logo a fé depende de uma promessa para vir a
existir. Não depende dos sentidos (Visão, Tato, Paladar e Audição) para
existir. Embora que os sentidos sejam o meio de vislumbrarmos a Fé, a sua base
estar no que se não vêem. A Promessa gera a força propulsora da fé ou o poder
criador de Deus.
A Palavra
destaca as dimensões da fé:
1. Homem Natural. É a pessoa que é
direcionada pelo racional e não pela fé. Ora o homem natural não
compreende as {coisas} do Espírito de Deus, porque lhe parece loucura; e não
pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. I Cor 2:14
2. Homem Carnal. É a pessoa que
embora tenha começado a sua vida espiritual pela fé. Abandona a revelação para
viver segundo os princípios dos homens. “Porque ainda sois carnais: pois, {havendo}
entre vós inveja, contendas e dissensões não são porventura carnais, e não
andais segundo os homens?” I Cor. 3:3
3. Homem Espiritual. É o homem que começa
a sua vida espiritual pela fé e vive guiado pelo Espírito Santo. Mas o que é
espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido I Cor. 2:15.
A Palavra fala em proporção de fé.
1. Nenhuma fé. A pessoa que devido ás
circunstancias não pode exercer fé. E logo “o pai do menino, clamando, com
lágrimas, disse: Eu creio Senhor! Ajuda a minha incredulidade”. Mac. 9:24 e
estava admirado da incredulidade deles. E percorreu as aldeias vizinhas,
ensinando.
2. Pequena fé. A pessoa que exerce a fé
somente em determinadas situações. “E Jesus lhes disse: ‘‘Por causa da vossa
pouca fé; porque em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de
mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá-e há de passar; e nada
vos será impossível”. Mat. 17:20, E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o, e
disse-lhe: {Homem} de pouca fé, por que duvidaste? Mat. 14:31
3. Grande fé. A pessoa que exerce fé em
qualquer circunstância e o seu desejo sempre é respondido por Deus. Então
respondeu Jesus, e disse-lhe: Ó mulher! Grande {é} a tua fé: seja isso feito
para contigo como tu desejas. E desde aquela hora a sua filha ficou sã. Mat.
15:28
4. Operosidade da fé. A pessoa que em
tudo exerce a sua fé. “recordando-nos, diante do nosso Deus e Pai, da
operosidade da vossa fé, da abnegação do vosso amor e da firmeza da vossa
esperança em nosso Senhor Jesus Cristo”, I Tes. 1:3.
B)
Motivacional
Definição de
Motivação. Na teoria do conteúdo, uma das teorias que explica o que é motivação
diz: a essência da motivação é um processo que se dá interiormente. Uma energia
que nos impulsiona a alguma coisa. É um estado da teoria do processo de
espírito. Portanto ninguém motiva ninguém, a motivação é algo intrínseco do
individuo.
1. Como se dá o processo de motivação nas
pessoas?
De forma interior que pode ser racional e
irracional; um fator de cunho fisiológico (Vitaminas, hormônios, exercícios.
etc.) e psicológico (frustração, satisfação, prazer. etc.) promovem variações
ou oscilações, dependendo das situações vivenciadas, que determinarão o grau de
sua motivação.
Trocando em miúdos: a) A motivação não é um
produto acabado, mas um processo. b) A motivação é uma força, uma energia que
nos impulsiona na direção de alguma coisa. c) A motivação é algo intrínseco,
que vem de dentro de cada ser humano. O que o outro pode fazer é estimular,
incentivar ou provocar o que já faz parte da pessoa.
Quando
leio ou ouço alguém dizer que a igreja brasileira está motivada por pseudos
“Homens de Deus” que no seu embuste de Dom de Cura provoca através da pregação
psico teológica uma motivação capaz e levar as pessoas carentes emocionalmente
a serem curadas de suas doenças psicossomáticas, fico a imaginar o que
faria Jesus diante de tal critica!
Eis a
resposta:
Mat.8:5-13. A Cura do criado de um centurião.
Jesus estava em Cafarnaum quando apresentou-se-lhe um centurião implorando-lhe
a cura do seu jovem criado que estava paralitico e horrivelmente sofrendo. Pela
leitura entendemos que além de fisicamente impossibilitado de locomover-se, ele
estava sofrendo emocionalmente por tal situação. Jesus disse: Irei curá-lo. E o
homem respondeu: Não sou digno de que entres em minha casa, mas manda somente
uma palavra e o meu rapaz será curado. Entendemos pela narração que o Centurião
não tinha nenhuma motivação; “não sou digno” traduz tudo: baixa estima, culpa,
frustração, etc. Jesus falou-lhe: Vai e seja feita conforme a tua fé. E
admirou-se da sua fé.
Mat. 17: 14-21 Mac. 9:14-29. A Cura de um Jovem
Possesso: a Palavra fala que um pai trouxe seu filho possesso de um espírito
mudo; que quando apanhava o menino lançava-o na terra, fogo, ou água. Os
discípulos nada poderão fazer. Ele roga a Jesus: Se tu podes? Jesus fala-lhe
tudo é possível ao que crê. O Pai aflito clamou: Ajuda na minha falta de fé.
Jesus vendo que a multidão concorria, expulsou o demônio. Nesta história o que
contribuiu para realização da libertação do menino, não foi a fé do pai e nem a
sua motivação, mas a motivação que viu no povo. Aí apesar da falta de fé o
Senhor operou o milagre.
Mat.15:21-28 Mac.7:24-30. A Mulher siro-
fenícia. Jesus se encontrava numa casa em Tiro na região de Sidom, tentando
passar despercebido, quando uma mulher, cuja filha estava possessa de espírito
imundo, furou o cerco e rogou-lhe para que expulsasse o demônio da sua menina.
Jesus respondeu-lhe: “Não é bom tirar o pão da boca dos filhos e lançá-los aos
cachorrinhos” Ela respondeu: “Sim, Senhor; mas os cachorrinhos, debaixo da
mesa, comem das migalhas das crianças’’. Jesus lhe disse: Por causa dessa
palavra, pode ir, o demônio já saiu de tua filha. Essa passagem retrata uma
mulher que não se deixou abater na sua motivação de vê a sua filha curada e ao
mesmo tempo age pela fé que é apreciada por Jesus.
Que lições tiramos das
intervenções de Cristo nestas passagens?
a) O Agir de Jesus se dá através de uma
visão integralizada do ser humano. Ora vamos a Ele motivados; ora sem fé, ora
chegamos cheios de fé, mas sem nenhuma motivação, ora estamos à mercê da
multidão, sem fé e sem motivação, e ora o descobrimos com motivação certa
e cheios de fé. Jesus responde a nossa necessidade e não ao modo de fé ou
motivação.
b) Jesus não está preocupado em fazer uma
leitura teológica e emocional do que temos. Se não temos nenhuma fé, uma
fé pequena ou grande fé, ou se existe uma motivação correta para o seu agir. O
beneplácito da sua soberana vontade ultrapassa qualquer ação inibidora do seu
agir. Agindo Deus quem o impedirá? Ainda antes que houvesse dia, eu era; e
nenhum há que possa livrar alguém das minhas mãos; agindo eu, quem impedirá?
Is.43:13
c) Não é o Homem de Deus que faz o agir
de Deus, mas o agir de Deus é definido pela sua justiça e misericórdia. Não
existe um justo, somente o Senhor. Aleluia! Todos somos justificados. Por isso,
as nossas imperfeições serão expostas. Mas o diabo não pode tripudiar de nós;
por que estamos justificados, lavados e purificados pelo sacrifício de Cristo.
O colérico, Paulo, o sanguíneo, Pedro e o fleumático, Lucas; todos foram
achados em suas falhas, mas Deus não deixou de usar nenhum deles, a fé e
motivação deles foram provadas, ajustadas e melhoradas, mas não anulada.
d) A Obra de cada um de nós será provada,
mas não somos salvos pelas obras e sim pela fé no que Cristo fez por nós. I Cor.
3: 10-17. Adverte-nos em algumas coisas: devemos ver como edificamos; Cristo é
nosso fundamento; Que valor damos ao que edificamos? Ouro, prata, pedras
preciosas, madeira, feno ou palha? A Obra de cada um será provada pelo fogo. Se
permanecer receberá galardão se não a sua recompensa será ser salvo como pelo
fogo. A Obra só tem validade para recebermos galardão.
e) O meu foco não deve estar no que o
homem faz, mas no que Deus está fazendo através dele. Mesmo que a sua motivação
esteja errada, isso não anula o agir de Deus em sua vida. Portanto,
ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso: seja Paulo, seja Apolo, seja
Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, sejam as coisas presentes,
sejam as futuras, tudo é vosso, e vós, de Cristo, e Cristo, de Deus.
Nesse
meu devaneio e indignação com aqueles que se acham capazes de julgar a obra e
ação motivadora dos Homens de Deus. Eu prefiro tirar a trave do meu olho do que
tirar a argueiro ou cisco que estar no olho do meu irmão. E seguir o exemplo do
meu Ap. Cesar Augusto que antes de julgar e apontar o erro alheio, ele busca um
ponto de equilíbrio em aprender com o erro dos outros para não repetir as sua
falhas.
Parafraseando
Cristo termino dizendo: “Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra.”
Marcos José da Silva
Psicólogo Motivacional